Se me perguntasses: O que queres de mim? Responderia com a convicção dos sensatos: O teu sorriso, o teu útero, os teus ovários! Desconcertada, tu ririas. Eu, sinceramente te diria: Quero-os, apenas, isso me basta. Que estranha a tua vontade! Replicarias. E eu, cara a cara confessaria: Inexplicável é a sede de teu sangue vivo, A saudade que me vergasta, como a um ímpio; Estranho é desejar tanto perpetuá-la, Nesta minha existência já arredia e Em minha boca, desde muito, árida. Fosse eu Deus, o acaso ou a ciência, Tomaria imediatas providências, Para que, insana, me desejasses. E no teu ventre, buscaria obstinado, A semente que às minhas uniria E tudo o que somos, seria eternizado, No gozo da imortalidade, na sanha do profano, Na paz do que é sagrado.
O meu coração ateu quase acreditou Na sua mão que não passou de um leve adeus Breve pássaro pousado em minha mão Bateu asas e voou Meu coração por certo tempo passeou Na madrugada procurando um jardim Flor amarela, flor de uma longa espera Logo meu coração ateu Se falo em mim e não em ti É que nesse momento Já me despedi Meu coração ateu Não chora e não lembra Parte e vai-se embora. (Sueli Costa)